Quando eu era mais nova e os livros não eram tão acessíveis como hoje, a sensação literária do momento era a coleção Vagalume. Meu autor preferido era Marcos Rey. Estas obras, voltadas ao público infanto-juvenil continham histórias simples, contadas em uma linguagem acessível. Esta foi a mesma sensação que eu tive ao ler “Por favor, não deixe a dor regressar”, de Darlan Hayek Soares: algo criado para o público infanto-juvenil. O livro faz parte do booktour Selo Brasileiro.
O livro aborda a história de Joel, um homem pobre, de origem humilde, cujo sonho era ser escritor. O patrão, um homem explorador e cruel, o envia para uma cidade, onde trabalhará temporariamente em um orfanato. Tudo para conseguir verba do governo.
A cidadezinha é assombrada por um terror nazista. Joel conhece a inocente órfã Brunella e fica encantado com a menina. A pequena é seqüestrada pelo grupo racista. Mas, isto é só no fim. Parte da obra trata da família, do trabalho, da saída da infância.
Os personagens são caricatos, como em parte da ficção infanto-juvenis. O patrão é um homem que repuxa o bigode dos filmes infantis. A menina tem a inocência da infância. Joel é o trabalhador explorado.
Os diálogos são frases de amor e devoção para os pais e irmãos e soam um pouco forçado. A obra valoriza a família. Joel não poupa elogios ao pai, a mãe, as irmãs. Ele era um homem parecido com o pai, valorizava a família acima de tudo e mentia sobre o trabalho (para não magoar ninguém). Gostava de ser apreciado e se sentir um exemplo. Pouco após a morte da mãe, começa a busca pela irmã Bárbara.
Uma parte do livro fica como um grande nariz de cera - termo do jornalismo, para designar o que seria uma enrolação, um texto introdutório, diferente do lead. Demora um pouco para que chegue ao propósito. Eu lembro de que alguns livros da Vagalume que tinham esse “nariz de cera”. Bom, eu já cresci, e a coleção ficou para trás.